quarta-feira, 2 de abril de 2014

Dia Mundial de Conscientização do Autismo é comemorado nesta quarta



O autismo é fundamentalmente uma forma particular de se situar no mundo e, portanto, de se construir uma realidade para si mesmo.
Associado ou não a causas orgânicas, o autismo é reconhecível pelos sintomas que impedem ou dificultam seriamente o processo de entrada na linguagem para uma criança, a comunicação e o laço social.




  QUANDO SE COMEÇOU A FALAR DE AUTISMO?

Com Jean Itard, que em 1801 levou a cabo uma descrição da criança selvagem, passando Eugen Bleuler, que em 1901 o relacionou com a esquizofrenia, até Leo Kanner, que realizou em 1943 o detalhamento minucioso dos itens característicos, e Hans Asperger, que se centrou em um outro tipo de autismo, às vezes chamado de autismo inteligente; os traços característicos das crianças com autismo são em sua grande maioria os mesmos.

QUAIS SÃO SEUS SINTOMAS?


Os principais sintomas são:
- Isolamento do mundo exterior e recusa do contato com os outros. (Tanto no nível da voz quanto no do olhar).
- Alterações da linguagem que podem ir desde uma ausência total da fala até uma verbiagem ininteligível. Em algumas ocasiões, repetição de fragmentos de frases retiradas de filmes ou que foram escutadas de alguém, estabelecendo verdadeiros solilóquios.
- É uma fala que não se dirige a ninguém, que não é usada nem para comunicar nem para estabelecer um diálogo mínimo.
- Ausência de interação com os outros.
- Ausência de jogo simbólico.
- Estereotipias
- Rituais
- Temor das mudanças e insistência em manter uma imobilidade naquilo que o rodeia.


ENTÃO, QUE VALOR DAR A ESSES SINTOMAS? O QUE FAZEMOS COM ELES, PARA ALÉM DO SINAL DE ALARME QUE ELES NOS DÃO, PARA NOS PERGUNTARMOS SOBRE O QUE SE PASSA COM ESSAS CRIANÇAS?


Considerar esses traços como sinais de um retardo no desenvolvimento ou de uma patologia nos levaria a um reducionismo. Nós nos reduziríamos a considerar o autismo como uma deficiência ou como uma doença que implica numa deficiência com graus diferentes. Por isso, muitos tratamentos se reduzem também a programas cujas intenções consistem unicamente em suprir essas supostas deficiências. Tais tratamentos têm como objetivo “ensinar” a criança autista a cumprir os ideais da normalidade. Nesse sentido, não há dúvida de que os métodos cognitivo-comportamentais se inscrevem nessa direção e, provavelmente, são aqueles que mais se dedicaram a alcançar os objetivos de reeducação. Pelo contrário, nós consideramos que a criança com autismo deve ser tratada levando-se em conta seus sintomas para nos perguntarmos o que se passa com ela para que ela se apresente dessa maneira. Que disciplina ou quem se ocupa em compreender a criança com autismo? 
Por que, além disso, aquele que não obedece à normalidade teria necessariamente um déficit? Nós consideramos que não é assim. O autismo é uma forma particular de se situar no mundo e é justamente isso que deve ser considerado para orientar o tratamento clínico adequado.

QUAIS SÃO SUAS CAUSAS?


Na atualidade, as áreas de investigação científica sobre as causas do autismo são fisiológicas. Existem várias hipóteses sobre essas investigações em curso. As principais são: Afecção em áreas do cérebro, disfunções genéticas, consequências dos metais pesados no interior do organismo, intolerâncias alimentares assintomáticas.
Entretanto, não há, até o momento, nenhuma causa determinante nem conclusiva que se derive do conjunto dessas investigações científicas, ainda que muitos recursos se destinem a buscar uma causa genética ou fisiológica. Quer dizer,nenhuma investigação científica pode, até agora, estabelecer a etiologia do autismo.
O posicionamento da psicanálise lacaniana é claro nesse sentido: a pergunta pela causa não explica em quê consiste ser um sujeito com autismo. Tampouco consideramos que os sintomas do autismo sejam a consequência de um déficit que deva ser reeducado, nem a expressão de uma doença. Para a psicanálise lacaniana, a pergunta fundamental visa saber um pouco mais sobre o que implica ser uma pessoa com autismo.